quarta-feira, 15 de junho de 2011

Halitose: como abordar o paciente e como tratá-lo PARTE 1

Aula ministrada pelo Dr. Francisco Amaral no IX SBAD (SEMANA BRASILEIRA DO APARELHO DIGESTIVO)
Dias: 21, 22, 23, 24 e 25 de Novembro de 2010
Local: Florianópolis - SC






Preliminares clínicos (1853), Felix Janer

§Em seu livro Preliminares clínicos (1853), Felix Janer alerta que o olfato é tão útil quanto os outros sentidos para o conhecimento analítico das enfermidades e fornece ao médico a oportunidade para constatar muitas doenças e acompanhá-las. Um profissional com bom nariz não se engana em seu diagnóstico. É preciso, dizia Hipócrates, considerar o odor da pele, das orelhas, da boca, dos excrementos, dos flatos, da urina, das feridas, do suor, do catarro e do muco.

§Já o sentido do gosto é mais escasso e proporciona ao médico menos impressões e sensações clínicas. Escritas gregas citam a necessidade de se conhecer as qualidades dos fluidos do corpo humano. Schwilgue tem degustado o pus dos abcessos e assegura que é insípido. Vários doutores provam a urina dos diabéticos para saber se é açucarada. O líquido amniótico possui sabor salobro e o humor biliar é avinagrado. Vários voluntários na América e Espanha experimentam o vômito negro da febre amarela, e na Espanha, o vômito esbranquiçado da cólera-morbo asiática.

§Em Lezioni di Fisiologia, de Lorenzo Martini (1827), o odor propriamente dito é a sensação percebida pela ação de algumas substâncias nas narinas, e o sentido é diferente do toque. Walther faz uma comparação entre o cheiro e o som. O ar quando vibrado produz o som, assim como as moléculas do corpo se movem de certa forma, e se dá o cheiro. Nessa publicação foram propostas várias classificações sobre os odores. Haller separou-os em três classes: perfumados ou gratos, fétidos ou ingratos e mistos.

INDUSTRIA FATURA BILHÕES DE DÓLARES ANUAIS COM A HALITOSE.

Halitose: Como abordar o Paciente e Como Tratá-lo:

*Como vou abordar algo que não domino ou desconheço?
*Quem são os responsáveis por criar o mito da halitose?
*Quem ajudou a deixar os portadores de halitose ‘perdidos’ na busca das soluções conseqüentemente isolando-os socialmente?

DESAFIO – MITOS E CIÊNCIA

Implicações sociais, profissionais e de relacionamentos
Uma das principais causas de isolamento social
90% SÃO CAUSA BUCAIS (SABURRA LINGUAL) 

Exclusão social


Histórico

§“Palavras fétidas são apenas vento fétido, e vento fétido é apenas hálito fétido, e hálito fétido e nauseante, portanto eu vou partir sem ser beijado” (Shakespeare, “muito Barulho por nada”, ato 5, cena 2). Podemos dizer que o problema da halitose é tão antigo quanto o próprio homem e tão trágico quanto algumas peças de Shakespeare. A halitose afeta aproximadamente 40% da população mundial, sendo estranho que um número tão grande de pessoas atingidas, até hoje seu tratamento seja, de certa forma, um tabu. A halitose é um problemas com conseqüências sociais e físicas tão sérias e trágicas que só quem a possui sabe avaliar as dificuldades que enfrenta. Através dos séculos, vários esforços têm sido realizados para resolver ou tentar lidar com a halitose, porém com resultados práticos não muito efetivos. 

* extraído do protocolo de atendimento clinico da halitose –Olinda Tarzia




Halitose

Odorivetores – são pequenas partículas dispersas no ar capazes de imprimir sensação olfativa nas células receptoras da cavidade nasal


Compostos Voláteis Bucais (CVB) de origem sistêmica


NOVO ODOR BUCAL (ODORIVETOR DE ORIGEM SISTÊMICA) DESCOBERTO POR UM BRASILEIRO: DR .FERNANDO BACAL (InCor/USP) 

COMPOSTOS ACIDOGÊNICOS VOLÁTEIS.
*RELACIONADOS À SEVERIDADE DA INSUFICIÊNCIA CARDÍADA.
*UM ODOR ESPECÍFICO COM ÓBITO ACENTUADO.
*CARDIOMARCADOR ´PEPTÍDEO’.

Halitose: como abordar o paciente e como tratá-lo


DIAGNÓSTICO:

Fair & Wells - 1934

Organoléptico

Escala Organolépica

Halimeter - primeiro aparelho capaz de medir os ‘CSVs’ em consultório.

Cromatografo gasoso portátil


A ser lançado no mercado mundial

Twinbreasor
TESTE DE BANA
(BENZO-ARGININA-NAFTILAMINA)

§



Utilização do Teste BANA
§O teste BANA foi proposto com o propósito de:
§a) detectar a presença de uma arginina hidrolase que é produzida pelo P. gingivalis, B. forsythus e T. denticola em amostras de placa removidas de locais com inflamação periodontal;
§ b) auxiliar, junto com os sinais clínicos e sintomas, na avaliação para o diagnóstico e tratamento da doença periodontal;
§c) auxiliar no moni­toramento da terapia de paciente antes e depois do tratamento periodontal


Teste enzimático – beta galactosidase

STERER E ROSEMBERG (2002)
Teste enzimático – beta galactosidase


HALITOSE

HALITOSE = CATABOLISMO  -  aminoácidos X bactérias

MECANISMO COMPLEXO cujo entendimento elucida as bases da formação da halitose

COMPOSTOS SULFUADOS VOLÁTEIS (CSV)

- Na doença periodontal, seus níveis se relacionam
de forma direta com A GRAVIDADE DA LESÃO.

- Aumentam a permeabilidade da mucosa – propiciando
a passagem de toxinas bacterianas e destruição do colágeno

-Penetram em todas as 3 camadas teciduais da mucosa (epitélio,
membrana basal e tecido conjuntivo) reagindo com as mesmas.

- Interferem com a maturação do colágeno da sistema periodontal

TOXICIDADE DOS COMPOSTOS SULFURADSOS VOLÁTEIS 


GENGIVITE E DOENÇA PERIODONTAL


Saliva


‘A saliva é a principal fonte dos aminoácidos’.
*seus peptídeos e proteínas são mais facilmente hidrolisáveis.
*céls. Epiteliais descamativas não são essenciais.

Mau hálito X Saliva


Biofilme Lingual Visível (saburra lingual)

.... Estagnação de proteínas salivares
                            descamação celular,
                            resíduos alimentares e
                            bactérias aderidas


SABURRA LINGUAL (Yellow tongue)
BIOFILME LINGUAL VISÍVEL (blv)



The yellow color typically results from the production of pigments (porphyrins) made by certain types of bacteria in the mouth. Occasionally, these pigments may also have a brown or black appearance.

BIOFILME LINGUAL VISÍVEL (BLV)

A presença de BLV é um indicador de risco para os aumentos dos escores do teste organoléptico (halitose) e das alterações periodontais, o que tornam a avaliação do dorso da língua e o registro da presença do BLV clininamente relevantes.




§1.Aumento da Produção de Mucina
§
2. Redução do Fluxo Salivar 
*Sono
*Desidratação (diuréticos, laxantes, febre, diabetes, insolação, baixa ingestão de água)
*Stress (desequilíbrio entre simpático e parassimpático)
*Uso de Medicamentos Xerostômicos
*Quimioterapia
*Radioterapia
*Doenças Sistêmicas
§
3. Aumento da Descamação, além da Fisiológica Razões Traumáticas 
*Respiração Bucal
*Hiposalivação ou Xerostomia
*Bruxismo
*Mordida da Bochecha
*Mordiscamento da Comissura Labial
*Uso de Aparelho Ortodôntico com Braquetes
*Uso de Bebidas Alcoólicas
*Uso de Bochecho com Alto Teor Alcoólico
*Fumo
*Drogas
*Aftas 

4. Razões Sistêmicas
*Alterações Hormonais da Menstruação
*Alterações Hormonais da Menopausa
*Deficiência de Vitamina D (e A)
*Uso de Xenical e outros do Gênero
*Uso de Óleo Mineral (Nujol)
*Uso de Isotretinoína (Roacutan)


MICROBIOTA LINGUAL

Streptococcus salivarius foi a espécie predominante na população saudável e tipicamente ausente na população com halitose,
A microbiota da língua de pessoas saudáveis é única e diferente da microbiota da língua de portadores de halitose


A microbiota língual:
Dificuldade de estudos por ampla variedade de espécies , sendo algumas sem classificação e técnicas de cultivo “in vitro” inadequadas.

PRESENÇA DO BIOFILME LINGUAL VISÍVEL (SABURRA LINGUAL)
O DORSO DA LÍNGUA É CONSIDERADO UM RESERVATÓRIO PERIODONTOGÊNICO



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